sexta-feira, 24 de junho de 2011

CESUPA • Processo Seletivo 2011 / II

 CESUPA • Processo Seletivo 2011 / II

Estamos lhe apresentando dois temas para redação. Escolha apenas um deles para desenvolver seu texto em prosa. Textos em verso serão anulados. Lembre-se de que você está participando de um concurso e a redação avalia seu desempenho no registro escrito da língua, portanto procure ajustar-se à modalidade adequada para a ocasião. Quanto à forma de grafar e acentuar as palavras, serão aceitas tanto a vigente até 31/12/08 quanto a que entrou em vigor em 01/01/09. Seu texto deverá ter no mínimo 12 e no máximo 30 linhas. Boa prova.

Proposta 1
                                                           Contenção e repressão

A cidade é nossa. Li essa frase descendo uma das ruas do Pacaembu, em São Paulo. Estava escrita em letras garrafais no muro recém-pintado de uma casa. Ela me chamou a atenção e não me saiu da cabeça. O que significava a palavra “nossa”? Poderia significar que a cidade é um bem comum e que todos são responsáveis por ela. Mas, por estar num muro recém-pintado, lamentavelmente significava que todos podemos dispor da cidade como bem entendermos.

O significado me remeteu às águas negras de entulho do rio Tietê, aos bueiros das ruas de São Paulo obstruídos pelo lixo, ao horror das inundações: a terra que desaba, o barraco soterrado e os moradores sujeitos ao pior. São Paulo, Rio de Janeiro e o resto do Brasil, onde ainda dispomos do espaço como bem entendemos. Pensei no autor da frase. Ele, decerto, escreveu com uma fantasia prazerosa de onipotência. Porém fez isso à noite, furtando-se ao olhar dos outros. Não era livre, era escravo do desejo de ser onipotente. Escreveu, mas sabia do risco de ser pego em flagrante e sofrer as consequências.

Ninguém é livre por fazer o que bem entende, e sim por desejar fazer o que pode. Na cidade ou no campo, no rio ou no mar, no espaço inteiro do planeta. A conduta de quem se norteia só pela própria fantasia não é livre, é perversa, pois faz do prazer a única lei do desejo. Visa somente à satisfação imediata e negligencia o estrago que pode causar. A vida depende do ensinamento da contenção, que não é sinônimo de repressão. Quem se contém o faz porque quer fazê-lo, e não porque é obrigado pelos outros. Obedece a uma lei que não é exterior, mas que foi interiorizada.

A contenção implica a consciência de que somos livres quando desejamos o que podemos. Ou seja, quando nossa liberdade leva em conta os outros. Para tanto, é preciso ser educado como no Japão, onde, apesar da tragédia que se abateu sobre o país, não houve violência, cenas de tumulto ou saque. Mesmo nesse momento extremo, a disciplina imperou nos abrigos improvisados e nas filas dos telefones públicos. Privadas do uso normal do celular, as pessoas esperavam pacientemente a vez para falar com os familiares. Uma lição de civilidade tão inesquecível quanto um terremoto que corresponde a 108.000 bombas de Hiroshima.

                                                                          (Betty Milan – Veja, 06-04-2011)



Segundo o texto, a contenção é manifestação de uma consciência de liberdade que leva em conta os outros, o ambiente comum – “cidade, campo, rio, mar” – , e obedece a uma lei que não é exterior, ou seja, é cumprida sem que haja ameaça de repressão.



É preciso educar para desenvolver o espírito da contenção. Após refletir sobre essa afirmativa, construa um texto em prosa sobre o tema "Educar é impor limites".

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